quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Vídeo 2 Ruínas do Engenho Central de Bracuhy !!


Vídeo Ruínas do Engenho Central de Bracuhy !!


Praia da Itinga ... Bracuhy ... Angra dos Reis !!


Passeando em Bracuhy !!




Delicioso ter passado apenas um dia e meio em Bracuhy, bairro de Angra dos Reis !
Isso significou, claro, mais uma vez que, nem sempre, quantidade tem a ver com qualidade.
Em apenas um dia e meio, conheci gente de primeira grandeza, visitei lugares históricos e paraísos naturais.
Estou, até o momento, de queixo caído.
Deve se considerar ainda que os dias de Carnaval foram atípicos, com muita chuva, em todo o Estado do Rio de Janeiro.
Cheguei em Angra dos Reis, no centro, ainda ia dar meio dia.
Tomei meu último transporte até Bracuhy, a uns 30 minutos dali.
Meu anfitrião foi me buscar e logo enveredamos uma conversa sobre o trabalho social que ele realiza.
Esta também foi uma das razões centrais de ter ido visitá-lo.
Ele tem uma cabeça muito boa, ainda que muito jovem, pois já tem uma experiência de engajamento social já algum tempo.
Suas ideias nos encantam.

É bom pensar que alguém se preocupa com o bem estar de sua comunidade, com centro de cultura que está criando, não deixando de se envolver em questões das populações caiçaras, da qual se sente parte, assim como as quilombolas e indígenas.
E ele saca muito de história !!
A aconteceu de seu refrigerador de sua casa se encontrar desligado, no momento de nossa chegada.
Ele enguiçou e nos apressamos em organizar uma alternativa para salvar parte do que estava guardado lá.
Ele nem queria me deixar ajudar, pois estava ali para "turistar" e não para lavar louças !!
Mas se tratando de mim, arregacei a manga da blusa e logo coloquei a mão na água.
"Couchsurfing" pra mim é isso, é compartilhar a vivência de forma mais ampliada o possível.
Por conta disso, seus pais que moram num bairro próximo, o Frade, vieram nos socorrer.
Conheci a mãe dele, uma pessoa super ativa, que faz trilha, pedala para lugares fantásticos e gosta de viajar.
Assim como seu pai, que só não ficou mais tempo conversando com a gente, pois os homens estavam já planejando trazer a geladeira de outra edificação.
Meu anfitrião me pediu desculpas por esta agitação não programada.
Disse a ele que fazia parte.
São momentos assim que aproximam mais as pessoas.
Depois deste acontecimento inicial, partimos com seus pais para o Frade, conhecer a casa deles.
Fizemos uma pequena parada na BR-101, na altura do km 505,  para admirar umas construções históricas, como uma casa grande e sua senzala e um prédio mais novo, ornados por um grande lago.
Me contaram que em dias sem vento, o espelho d'água forma uma imagem linda, com as construções que ficam no lado inverso ao nosso.
Bonito demais !!
Seguimos para o bairro do Frade e meu anfitrião me levou até a praia.
O Pico do Frade é o segundo ponto mais alto de Angra dos Reis e nos observa lá do alto.
Da praia, avistamos a Ilha de Cunhambebe ... daí recebi uma riquíssima aula de história !!
A Confederação dos Tamoios, aconteceu ali, uma reunião dos principais chefes índios da região do litoral norte paulista e sul fluminense que ocorreu entre 1554 e 1567.
Também conversamos sobre movimentos sociais da região, sobretudo os caiçaras, a ocupação pelos grande empreendimentos na forma de condomínios de luxo, etc.
Nossa ... aprendi tanta coisa numa só tarde de fevereiro !!
Acima, a bonita Igreja de São Sebastião.
Quando voltamos para a casa dos pais deles, tomamos café e sua mãe me mostrou algumas fotos.
Ela tem o plano de trabalhar com bordados (comprar uma máquina), mas já atua em trabalhos artesanais, confecção de bolsas, de artigos com macramê, vime, forração de móveis, e também tem vontade de aprender sobre cerâmica.
Queria ter muito mais tempo para conversar com ela, mas anoiteceu e partimos de volta para o Bracuhy.
Meu anfitrião acertou de que iria me receber mas não abria mão de curtir o carnaval na localidade.
Como eu disse que queria exatamente fugir disso, ficamos em horários desencontrados.
Enquanto eu dormia, ele estava na farra.
Quando eu saia para passear, de manhã, ele chegava para dormir e descansar da noite de folia.
Naquele noite, antes de sair, nos preparou um delicioso prato vegetariano, com arroz integral, lentilhas, ovos e ora-pro-nóbis.
Não sabia o que era, nunca tinha escutado falar sobre e muito menos provado disso ... ora-pro-nobis.
É uma planta poderosíssima, muito rica em proteína. 
E o prato ficou maravilhoso.
Também ... o jovem tem muito interesse por gastronomia.
E degustamos uma bebidinha alcoólica com sabor de café, dos deuses ... até repeti !!
Tudo bem, pois ele me passou toda a boa programação do que estava acontecendo naqueles dias de minha visita, como por exemplo, o Carnaval do Quilombo de Santa Rita.
No dia seguinte, enquanto me preparava para sair, ir à praia ... ele estava chegando do bloquinho, para descansar, mas nos preparou o café da manhã.
Biscoitos, bolo, cereais ... hummmm !
O café que ele faz, merece destaque, é muito bom !
Logo nos despedimos e parti para a aventura.
Caminhei até a Praia da Itinga, fotografando antes umas placas na Rio-Santos, e essa BR-101 só me dá alegrias ....
Levei uns 40 minutos até chegar àquelas águas tão tranquilas, de Itinga, que as pessoas se deslocavam, praia adentro, por muitos, muitos metros com as águas nos joelhos.
Caminhei até um posto menos movimentado, à esquerda de quem chega à areia.
Fiz fotos belíssimas ali.
E o tempo abriu como um presente, o sol e o calor estavam ali, um grande intervalo nos dias chuvosos que se antecederam.
Mas tinha esquecido do filtro solar e por isso, fiquei com a pele bem avermelhada ... nem o chapéu, eu trouxe.
Da praia caminhei mais uns 10 minutos até as ruínas do antigo engenho geral de Bracuhy.
Sem dúvidas, era o postal que eu queria visitar, uma das principais razões de ir conhecer este cantinho de Angra dos Reis.
Em estilo dos prédios relacionados à Revolução Industrial, a usina de açúcar, hoje desativada, teve seus tempo de glória, uma das mais importantes do Século XlX.
É propriedade do Hotel Samba e a visitação custa R$ 100,00.
Mas detalhe, se você for com mais 4 pessoas, pagará também, R$ 100,00 ou seja, fica R$ 20,00 para cada um.
E crianças de até 12 anos ou hóspedes do hotel, não pagam ... pelo menos isso.



Infelizmente, com este valor, não deu para fazer uma visitação interna, mas da externa, realizei diversas fotografias ....numa próxima, quem sabe, reservo uma diária lá .... rs. 
Passei um bom tempo ali ... umas duas horas ?
Talvez.
O sol forte também me deixava um pouco desencorajada a voltar caminhando para a BR-101.

Porém o ônibus somente passa na região da Itinga, da praia e eu já estava distante dela.
Com certeza, esta área em que me encontrava agora era diferente da que atravessei para ir até aquela praia.
Agora encontramos o espelho d'água de uma gigantesca marina.
Somente mansões e barcos de luxo estavam expostos aos meus olhos agora.
É, é inegável que eu estava em Angra dos Reis !!
Faltava mais um compromisso do dia ... ir até o quilombo.
A orientação era passar pela ponte do Rio Bracuhy e entrar à rua à direita, passando por uma escola pública.
Logo ali, adiante, a estrada de asfalto se transforma em de terra.
São em média de 8,30 quilômetros de caminhada para chegar até o Quilombo de Santa Rita.


Pra mim, acostumada a caminhar e fazer trilha, foi fácil ... em 40 minutos cheguei lá.
A singela capela de Santa Rita estava fechada.
É pequeninha !!
Me avisaram que tem missa, uma vez por semana. 
Não consegui os dados de quando foi levantada, mas sua história está vinculada ao quilombo que ali foi criado, no século XlX.
Ao lado da igreja está seu galpão, por ocasião de minha visita, um lugar movimentado, onde algumas crianças brincavam num pula pula.
O evento aguardava por um número maior de gente.
Quando eu caminhava para lá, muitos carros subiam e muitos descias as ruas de terra.
Para mim, era um movimento por conta do carnaval quilombola.
Mas me enganei ...
Mas chegando lá encima, percebi que quase todo o movimento era por causa da Cachoeira da Corda, uma etapa do Rio Bracuhy,  que tem uma corta de um lado a outro de sua largura, me parece, para a segurança dos banhistas.
Muitos banhistas, de fato, se refrescavam lá.
Eu parei para molhar meus pés e descansar.
Depois conversei com a Marilda e a Conceição, do movimentos quilombola que lamentavam o baixo movimento e justificando porque não ocorreriam as apresentações previstas, de dança, e de música e de forró, etc.
Nem venda de artesanato tinha !!
Eu nem quis comer nada pois uma hora atrás, havia almoçado junto às ruínas o engenho.
Mas adorei ter estado naquela festa, ainda que esvaziada, e somente não retornaria do dia seguinte (o último do evento) pois teria de voltar cedo para o Rio de Janeiro e evitar o grande fluxo de veículos numa quarta-feira de cinzas.
E quem sabe, ano que vem eu volta lá ?
Voltei para a BR-101 após alguns trovões e chuviscos que ocorreram.
Fui para a casa de meu anfitrião que já tinha partido para a gandaia, de novo .... é também porque ele está cuidando de seu sobrinho adolescente, que ele precisa vigiar nos bloquinhos.
Mal cheguei e começou a chover, de novo.
Os 5 cães estavam tranquilissimos, o gato (Lampião) eu não o vi.
Tomei meu banho e fui organizar minhas coisas  ... amanhã partirei cedo para o Rio de Janeiro, medo de tomar parte da longa fila de veículos que deixam a Costa Verde ao mesmo tempo.

Estive lá em fevereiro de 2010 !!