quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Diário da Costa Verde

Rio de Janeiro , 11 de janeiro de 2013. Sexta-feira.

Meus pés me trouxeram a uma aventura inesquecível na Ilha Grande !!
Tudo começou quando descobrimos que o antigo Alvorada-Itaguaí , que fazia a integração com o Bilhete Único , não existe mais. Ficou um ônibus tarifa (com ar condicionado) de R$ 8,00 no seu lugar.
 Minha irmã e eu decidimos pegar o BRT com estação final em Santa Cruz (R$ 2,75) e  dali um transporte até Itaguaí , pois haverá mais ofertas de transportes  , oficiais e alternativos.
De  Itaguaí , um daqueles ônibus pequenos , com apenas uma porta na frente , até Mangaratiba (R$ 3,80).
O tempo parecia que iria melhorar.
Chegamos à Mangaratiba antesdas 20:00 hs.
O único barco que sai de Mangaratiba para a Ilha Grande , à noite , parte às sextas-feiras.
Com Bilhete Único a travessia custa R$ 3,10 , com pagamento em dinheiro , R$ 4,50.
Ficamos na Praça de Mangaratiba, com uma garrafa de 2 litros de Coca-Cola e alguns sanduíches que minha irmã preparou,
até dar a hora de saída da barca , às 22 horas.
A viagem dura , em média , de 1 hora e meia  até às 2 horas , dependendo das condições do tempo.
A nossa viagem foi tranquila e sem chuva.
O Hostel Holandês nos aguardava para duas noites na ilha.
Eles sabiam que chegaríamos por volta da meia-noite.
Nossas toalhas já estavam reservadas , fora do armário e , após o check-in , fomos para  nosso quarto, coletivo, de quatro beliches.
Somente uma cama estava vazia para aquela noite.
Ah ... pedimos à Marcela, filha da Janice (administradora do hostel) cobertores pois não havia nenhum no quarto e , para nós,
chegadas da capital estava fazendo um pouco de frio (algo em torno de 20, 21 graus.
Dormimos logo pois pela manhã, teremos um dia bem cheio.

Ilha Grande , 12 de janeiro de 2013.    Sábado.

Programamos o despertador para as 09:00 hs pois precisávamos descansar um pouco mais, mas acabei acordando às 08:10 hs.
Nos preparamos para arriscar alguma das trilhas , embora ainda de manhã chovesse um pouco.
Deu pra observar o espaço do hostel pela manhã , bem bonitinho.
Tem uns chalés, um belo jardim e o verde em todo o redor. O café da manhã foi bem gostoso e saímos do hostel , um pouco mais das 10 horas.
Não havia centro de informação turística na Ilha e nem o hostel tinha um mapa com qualquer informação ...
 Já no centro do Abraão , nos informamos de como acessar a T14 (Abraão - Dois Rios) , que embora seja considerada uma trilha difícil, com duração entre 2:30 a 3:00 horas só de ida , era a mais segura nestes dias de chuva.
Ela é acesso de carro à reserva da UERJ e ao que era o antigo Instituto Penal Cândido mendes. Eu imaginava uma estrada pavimentada , mesmo que precariamente ,
mas ela é toda em terra batida e pedras , não passa de uma abertura no meio da mata, muito acidentada e irregular.
Ainda assim , constitui a única trilha aberta da Ilha Grande.
As demais são dentro da mata fechada e com uma só pessoa caminhando de cada vez, em fila indiana.   
Encontramos uma garota paulista no caminho , já quase desistindo da trilha por medo, disse ela, mais de bicho silvestre do que de gente.
 Ela , a IRIS , disse que não via ninguém , nem subindo , nem descendo da trilha.
Pediu para nos acompanhar até Dois Rios pois de lá pensava em pegar um barco até Lopes Mendes ou Vila do Abraão.
Passamos pela entrada da T13 (Abraão - Pico do
Papagaio) ... que já é assustadora desde a entrada ... um amontoado de pedras que fazem parte de uma perigosa aventura , a mais perigosa e difícil trilha de toda a ilha ... só para os fortes , os muito fortes !!!
Passamos também pela entrada da T15 (Dois Rios - Caxadaço) com um monte de pedras de rio , daquelas bem grandes e arredondadas, bem menos assustadoras 
que as da T13 e com uma gigantesca piscina , logo na entrada. 
Visitamos o Museu do Cárcere no espaço onde antes existia o Presídio de Ilha Grande e algumas ruínas da antiga prisão.Vou fazer uma postagem só para o Museu do Cárcere, brevemente.
No museu, de entrada gratuita e quase que recém inaugurado, as histórias de diversas vidas que ali se mantiveram isoladas do mundo exterior,
através de fotos, roupas, utensílios e armas.
Numa outra ala do museu, uma exposição de fotos da natureza , plantas , animais e minerais.
Um espaço reservado para mostrar arte com materiais recicláveis, trabalhados pela população da Vila de Dois Rios.

Muito bacana ... concluir uma trilha e ainda ter a experiência deste espaço de cultura na Ilha Grande.
Na época do presídio, a bela ilha era conhecida como a Ilha da Maldição.
Uns mergulhos na Praia de Dois Rios , de água quente e rasa. As águas do mar se juntavam às águas frias do um (dos dois rios , que desembocam lá) rio que formam
belo espetáculo. 
Tem umas ilhas lá na frente  ... uma delas parece ser a Jorge Greco.
A garota paulista conversou com o rapaz que veio buscar umas pessoas da praia para um barco maior que estava distante da areia.

 Ela disse que ele cobrou R$ 40,00. E nem passariam perto da Lopes Mendes. Ela preferiu voltar na trilha com a gente.
A praia estava quase deserta àquela hora.
A reserva da UERJ é controlada , tanto na entrada como na saída, por um guarda que anota nome do visitante e hora que atravessa este controle.

Nosso tempo limite para saída , e pegar a trilha de volta ao Abraão , era às 17:00 hs , mas como o tempo estava começando a parecer mais pesado, ameaçando chuva, saímos da reserva à 16:00 hs.  
Ainda assim paramos para admirar a "Piscina Do Soldado" de perto, o que não fizemos na ida para Dois Rios.
Dizem que na época do presídio, tendo de atravessar à caminhada, a ilha de um lado a outro, ou seja, do Abraão a Dois Rios (ou vice-versa), em dias de muito calor, os soldados paravam ali para se banharem e descansar um pouco ... espertos estes caras!!!
Estávamos as três bem cansadas mas aproveitamos ao máximo este dia  de sábado na ilha ... cultura, ecoturismo e aventura.
A maior parte das fotos da trilha já haviam sido tiradas e conseguimos retornar em apenas duas hora ... um recorde ,
pois fomos em 3 horas e a média de tempo é de 2 horas e meia !!
Depois de chegar ao hostel, descansar a perna é prioridade.
Degustamos um "miojo" e saímos para o centro da Vila do Abraão. Queríamos observar o movimento neste momento "alta temporada" da ilha.
Música ao vivo, bares lotados, o povo dançando na frente da igrejinha de São Sebastião.
Tomamos sorvete do Finlandês (não posso esquecer do sabor do "marcapone") e voltamos para o hostel. 
Não deu 10 minutos e despencou um temporal.
Choveu a noite inteira.
Dormi mal ...uma mosquitada quase me levou ... e pensar que minha irmã havia oferecido o repelente.

Ilha Grande , 13 de janeiro de 2013.   Domingo. 


 Acordamos às 07:50 hs para "levantar acampamento ".
Mochilas já organizadas , tomamos nosso café e fizemos o check out.
Dali a minutos tomaríamos o "ferry" para Angra dos Reis (10:00 Hs) e refazer o caminho de volta para o Rio de Janeiro.A fila para a barca  já era gigantesca às 09:00 da manhã !!


 A viagem leva o mesmo tempo que se leva da Ilha Grande para Mangaratiba.
O tempo está nublado mas abrindo para o sol.

Andamos por Angra do Reis, tiramos fotos no Convento do Carmo, que eu jurava ser a Igreja da Matriz , desde minha outra visita à cidade , cinco anos atrás.
Ainda conhecemos a escultura dos Três Reis Magos , os verdadeiros reis de Angra ... algo também novo pra mim, pois não vi da outra vez que estive lá.   
Ficam de frente para a Praia do Anil.
Dia de domingo, não avistamos nenhum restaurante aberto , pelo menos ali na orla.
Mas encontramos um local para comer pizza (metade Margheritta, metade banana com canela) que estava , diga-se de passagem , deliciosa !!
Tomamos um ônibus verde, o Centro - Limite com Mangaratiba (R$ 2,90), para desembarcar em Conceição de Jacareí ,
uns 50 minutos após o embarque.
Fomos até a praia, que por causa do tempo abafado , estava com um público considerável.
Tiramos mais fotos e sentamos na areia para descansar e admirar o cenário ... a Ilha Grande lá longe ...
Algumas fotos engraçadas , bem legais , com garrafa e minha bota ... não entramos na água , que estava com uma agradável temperatura.

Mas estava um pouco suja , mesmo se não tivéssemos avistado as línguas negras que atravessavam pela areia.
Caíram uns pingos do céu ... a chuva se anunciava próxima ... atravessamos a BR-101 , a Rio-Santos e descobrimos que não havia transporte para Mangaratiba.
Pelo avançado da hora (já umas 17:30 hs) decidimos tomar mesmo o tarifa direto para Itaguaí (R$ 8,00) , com ar condicionado "gelando" !!
O valor da van era o mesmo (R$ 8,00) e aceitava o Bilhete Único ... mas pra mim , mesmo assim , van é van !!
Logo ao iniciar o trajeto para o município de Itaguaí, limite com o Rio de Janeiro, desabou a chuva.
Muitos, muitos, muitos raios e trovões e parecia que estávamos em no centro da intempérie.
Já em Itaguaí , uns 20 minutos de espera e torcida para o temporal abrandar, quando chegou o transporte para Paciência, que passaria por Santa Cruz, e nos deixaria junto à Estação de Santa Cruz dos ônibus do BRT.
Estes não demoram muito a chegar e a sair e a viagem só não foi mais rápida porque no dia de domingo eles não são expressos.
Param em todas as estações até a Alvorada , a última e onde descemos.
Ao chegar à Barra da Tijuca, a chuva já não mais existia e voltei para casa com uma experiência inesquecível ... minha segunda ida à Ilha Grande !!!